terça-feira, 16 de outubro de 2012

O palhaço apareceu, porém, não sorriu.
É como se soubesse o que iria acontecer...
Entrou e permaneceu mudo,
Atordoado.
Como se estivesse perdido,
E perdendo sua alegria por estar
Evitando o âmago da luta.
Apenas não encontrara mais sentido nos conflitos.
Mas ele sabia...
Sabia muito bem onde estava naquele instante,
E o que isso significara, pelo menos pra ele.
O olhar distraído denunciou sua loucura: 
E simplesmente chorou.
Sua alma fora dilacerada,
Seu orgulho fora ferido,
Seu coração fora despedaçado.
O palco perfeito para mais uma cena de ilusão
Criada pela sua falta de ambição em representar.
Encontrou nas reticências de seus textos o motivo necessário
Para permanecer calado.
O silêncio responde por si só.
Mantinha-se firme.
Entendeu que na verdade
Havia cumprido sua missão e isso que importava.
Entendeu que não havia mais nada
Nem importância,
Nem missão,
Nem verdade.
Enxugou sua lágrima, deu um gole no café,
Arrumou sua mala e deixou o picadeiro.
Saiu sem se despedir, não havia necessidade,
Ninguém o escutaria...
Por mais que gritasse a manhã inteira;
Percebera que já não havia mais ninguém ali.
Eram todos fruto da sua imaginação...
Então acordou.
O dia era de sol,
Mas repentinamente o céu se fechou.
A chuva caiu e acompanhou seus lamentos
Esperou até o último instante para desabar sobre sua cabeça.
Molhou seus papéis e seu violão,
Retirou-lhe a maquiagem,
Lavou sua alma e a água salgada de seu rosto.
Naquele exato momento
Sentiu-se mais só do que sempre fora,
Então sofreu, mais uma vez.
Sentou-se a beira da estrada, cantou sobre seus sonhos
E sobre o amor...
E quando entendeu o que havia acontecido,
Voltou para casa e disse para si mesmo:

-Eu te avisei.