sábado, 3 de novembro de 2012

Vôo livre

Tenho aprendido com essas estações.
De uma maneira meio caótica os ciclos mostram seu início e fim com toda aquela sutileza de um furacão.
E lidar sem saber como isso acontece não está sendo uma tarefa fácil.
A chuva de Setembro não chega.
Parece que ela espera apenas o momento pra entrar sem pedir licença... Me fez lembrar aquela vez.
A água da chuva inundou o retorno da via que passava por trás daquele edifício e aquele rosto estranho no espelho me fez lembrar do corpo estirado daquele homem que caiu do 6° andar.
O tempo sofreu uma metamorfose como a baratinha da história do Ed Mort e novamente surpreendi-me ao acordar e ver em minha frente tudo totalmente diferente.
Não lembrava como isso causa incômodo.
Me sinto uma barata.
As baratas são como as estrelas! (Já dizia um grande amigo meu). Saem somente a noite e se escondem de dia.
Isso permite sua eternidade.
Transitam sem destino e não ligam para a sua insignificância diante da natureza (que lhe empurra goela abaixo sua condição de só). Penso que elas sabem que para sobreviver a um desastre no mundo, além da força (o que não possui), deve existir muita cautela.
A tal barata, do Veríssimo, tornou-se  um humano. E por ter tornando-se humana, apenas veio a ser como todos os seres humanos: Um verme.
Os rumores dizem que o corpo estirado pertencia a um homem portador de um coração bom, que acreditou em seus sonhos de tal maneira que, supostamente, preferiu voar, mesmo por apenas alguns instantes, à trancar-se pelo resto de sua vida em seu apartamento.
Entregou sua vida sem medo por um vôo de 7 segundos.

Foi a manchete do dia.