15:47 p.m.
O calor infernal dessa cidade me sufoca.
Desde que abri meus olhos de manhã e vi que dormi do lado contrário na cama,
Imaginei que hoje o dia não seria legal.
Nesse início de outono os amores parecem cair levemente, como as folhas das árvores.
Eu caminhava pela tarde quando vi aquele ipê amarelo no canteiro central. Ele, por ali existir naquele momento, me ensinou o que é perseverança diante de uma tragédia iminente.
Ficar parado esperando a próxima estação e embeleza o ambiente vendo as pessoas passarem... A sutileza de um ipê enfrentando com elegância o outono.
Eu tenho me exposto demais.
Meus dias andam tão corridos, que percebi enquanto escrevia que há muito não fumo.
Nessa pressa entendi porque não devo esconder certas coisas: Não tenho tempo para reparar erros e desaprendi a me enganar.
Por isso não falo tanto o que me incomoda e prefiro não exteriorizar meus problemas
(Sei muito bem como lidar com eles e resolvê-los melhor do que ninguém!).
É difícil pensar em um lugar pra tentar ficar sozinho pelo menos por um instante, quando algo lá no fundo incomoda tanto ao ponto de me deixar com um mau-humor insuportável.
E, inevitavelmente, fico indiferente.
Eu sei que me preocupar (ou não me preocupar) é totalmente diferente de não me importar. E não é que não eu saiba o que fazer...
Não há nada a ser feito.
Não há como decifrar o que foi ou o que irá.
Uma amiga comprou um guarda-roupas monocromático enorme, talvez do tamanho daquele que precisei quando decidi aposentar todas as minhas máscaras.
A vida é um jogo que se perde quando elas caem.
Hoje estou de cara limpa e de corpo nu.
E, mesmo sabendo que estou vulnerável, decidi guardá-las
Não preciso ser igual ninguém, nem mesmo pra agradar a mim mesmo e tenho entendido o que minha alma sempre diz sobre o que é ser homem, apesar desse medo ser um menino que grita compulsivamente.
Eu sei que, como sempre, posso suportar qualquer coisa,
Mas tenho que admitir que hoje não consegui sorrir.
